(Download) "O mar" by John Banville # Book PDF Kindle ePub Free
eBook details
- Title: O mar
- Author : John Banville
- Release Date : January 31, 2014
- Genre: Romance,Books,
- Pages : * pages
- Size : 4445 KB
Description
Escrito pelo irlandês John Banville, O mar, vencedor do Man Booker Prize em 2005, costura memória e ficção de modo indissociável, investigando as sensações em suas reveladoras minúcias, e em um inventário infinito que quase prescinde ― como modernamente se prescinde ― do fio narrativo ele mesmo. Desenvolvido de modo relutante em primeira pessoa (Banville tentara, antes, a terceira pessoa), a do crÃtico de arte Max Morden, que oscila de modo irregular entre passado e presente, infância, idade adulta e velhice, entrelaçados à s visitas a The Cedars, casa de veraneio alugada por seus pais em Ballyless, local imaginário na Irlanda, nas duas partes em que vem dividido o romance.
Embora haja idas e vindas temporais, o livro é a memória do homem já idoso, após perder a esposa Anna: o tempo se distende para englobar a infância repleta de um fulgor selvagem, o peso emocional e existencial desconcertante do perÃodo da doença da mulher, para encontrar Morden revisitando The Cedars com a filha Claire, e para registrar o perÃodo final com Mme. Vavasour e seu inquilino, um coronel aposentado, em momentos que proporcionam não apenas ajustes emocionais entre os personagens, mas memórias proustianamente disparadas pelos sentidos. Referências à arte perpassam o livro, ilustrando a percepção do personagem principal, mas há sobretudo a obra de Pierre Bonnard, a favorita de Morden, aludida em toda parte, criando um paralelo entre arte e vida mais complexo do que o velho clichê.
Assim, Morden rememora longamente o despertar erótico na infância, ligado à famÃlia Grace, que também frequentava The Cedars: o pai Carlo, um tipo caracterizado quase como um sátiro (“marido caprino”, Banville descreve a certa altura), a mãe Connie, voluptuosa e de uma vulgaridade sensual, os filhos maliciosos e naturais, Chloe, Myles (gêmeos, e o garoto, mudo), e Rose (como uma babá das crianças), pessoas de classe média alta a quem o mais pobre Morden chega a se ligar por laços de amizade e amor, e a quem acompanha nos passeios de famÃlia no litoral. Banville constrói e desenvolve suas cenas com apuro visual em descrições e comparações, claramente empenhado em tornar visÃveis para o leitor suas notáveis paisagens imaginárias, dotadas de um realismo sensorial que se pode dizer poético, pela concisão e pela imaginação de seus métodos.
O mar assume papel múltiplo e opera como um personagem: é tanto o condutor da narrativa lÃquida e aparentemente informe, como também é o receptáculo daquelas presenças, e as reúne numa espécie de momento mágico que se estende da juventude à velhice, quando a agitação da vida cede a uma solidão de encontro com fantasmas. O mar é ambas as coisas, assim: solar e terrÃvel na infância, e companheiro outonal da velhice de Max Morden, fazendo eclodir também um mar de memórias que compõe prazer e tragédia, na duvidosa exatidão do passado na memória.